Tração - Novas tecnologias e tendências - Carro Elétrico

A nova geração


No início do século XX os carros elétricos chegaram a rivalizar com as outras tecnologias, como combustão e vapor na preferência dos consumidores, porem uma série de fatores acabaram por inviabilizar a sua continuidade e desde então permaneceu como uma possibilidade promissora quando algum salto tecnológico permitisse aumentar a capacidade de armazenamento de energia elétrica em dispositivos de pequeno volume, massa e baixo custo.

Até hoje permanece o desafio colocado desde aquela época, pois os avanços em tecnologias de baterias ainda não foram suficientes para se viabilizar de vez as substituições dos carros a combustão por veículos elétricos em larga escala. A tecnologia de tração elétrica, entretanto continuou sendo muito utilizada nas ferrovias (locomotivas diesel elétricas), trens elétricos urbanos e metrôs.

Porem, exigências imposta pela sociedade moderna agiram no sentido da busca de soluções alternativas, visando à minimização de problemas relacionados ao crescente número de veículos em circulação em áreas urbanas, os quais vem se tornando prioridade, por serem insustentáveis, como:

-Custo elevado dos combustíveis e escassez de petróleo;
-Efeitos ambientais provocados pela combustão (poluição, ruído, aquecimento global, etc).

Neste sentido, as grandes montadoras mundiais passaram a partir da década de 1990 a direcionar investimentos em pesquisas para o desenvolvimento de veículos puramente elétricos, outros híbridos e também em tecnologias de baterias, tendo como objetivo o uso das mais avançadas tecnologias em projetos de veículos muito mais eficientes nos aspectos de consumo de energia e impacto ambiental. A idéia é que num primeiro momento estes veículos consigam atender as expectativas de uma parte dos consumidores e ganhar escala suficiente para poder aumentar progressivamente sua participação nas vendas.

Muitos veículos já foram ou estão para serem lançados no mercado por praticamente todos os grandes fabricantes. Alem de carros, veículos de duas rodas e ônibus também deverão absorver este conceito. As montadoras japonesas de carros saíram na frente e os modelos da Toyota e Honda já circulam, porem as indústrias americanas, européias e demais asiáticas já divulgaram seus projetos de lançamentos para os próximos anos e pela dimensão das notícias são grandes as expectativas de que finalmente os veículos elétricos e híbridos concorrerão novamente com as demais tecnologias, ou pelo menos serão capazes de conquistar uma parte significativa do setor em médio prazo.

Os conceitos desta nova geração de veículos são basicamente dois:

-Veículos puramente elétricos, acionado pela energia armazenada em baterias recarregáveis. Devido à limitação de capacidade das baterias este conceito tem a desvantagem de baixa autonomia e elevado tempo de recarga, sendo porem interessante para circulação urbana, pois não há emissão de CO2;

-Veículos híbridos, acionados por motor elétrico e a combustão. O motor a combustão pode tanto acionar um gerador para carregar as baterias ou acionar diretamente o veículo quando as baterias atingirem o limite mínimo. Estes veículos têm a vantagem de maior autonomia, maior eficiência comparativamente a veículos movidos à combustão, e baixos níveis de emissão de CO2.

A performance, entretanto ainda está abaixo dos modelos à combustão da mesma faixa de preço, porem veículos elétricos tem muito mais possibilidades de avanços tecnológicos devido a sua versatilidade de configurações. É possível, por exemplo, construir carros com motores individuais nas rodas, o que permite configurações de tração em duas ou quatro rodas sem necessidade de transmissão, com ganhos de eficiência. Por exemplo: foi construído no Japão um protótipo de carro elétrico com oito rodas (quatro na frente e quatro atrás) com motores individuais de 80 CV em cada roda. O desafio foi conseguir um motor com capacidade de funcionar com número elevado de rotações por minuto. Este modelo foi testado em pistas de corrida por um ex-piloto de Fórmula 1 e chegou a 370 km/h. Outra inovação que já vem sendo incorporada pelos veículos elétricos e híbridos em produção é o sistema de recuperação de energia cinética (K.E.R.S.), termo já popularizado pelo uso recente nos carros de F1. Este sistema aproveita a energia da desaceleração e frenagens no carregamento das baterias. Quanto ao motor, podem ser usados tanto os de corrente contínua como alternada e sua escolha dependerá do alvo do modelo. Já se fala em se adotar carros híbridos até na F1 (sem os roncos dos motores?), o que reflete o nível do otimismo contagiado pelos animadores resultados desta nova geração de veículos.

As baterias chumbo ácidas foram primeiramente substituídas por baterias de níquel e mais recentemente estão sendo utilizadas baterias de lítio. A densidade energética da gasolina é em torno de 12.500 Wh/kg, da bateria de chumbo 30 Wh/kg, de Níquel-Metal Hidreto 60 Wh/kg e de Íon de Lítio 150 Wh/kg. Ou seja, apesar da superioridade da bateria de lítio ainda não foi suficientemente satisfatória para o fim desejado. Os veículos elétricos atuais estão sendo produzidos usando baterias de Níquel-Metal e Íon de Lítio também pelas propriedades de baixa necessidade de manutenção e pequena toxidade para o meio ambiente. As pesquisas mais recentes com baterias de lítio são bastante promissoras, porem as maiores reservas deste metal estão concentradas em poucos países, sendo que a maior delas está na Bolívia, seguido do Chile e do Tibet, o que torna duvidosas as possibilidades de extração em larga escala deste minério. As pesquisas prosseguem também em outras frentes, como nano e biotecnologia, entre outras.

Nos Estados Unidos o governo vem estimulando e até certo ponto pressionando as montadoras de lá a se inserirem nesta nova realidade o mais breve possível e na China, um grande fabricante de baterias de lítio (BYD) está entrando no mercado de montagem de veículos elétricos e tem atraído investimento estrangeiro para sua empresa. O mega-investidor Warren Buffet, por exemplo, tem participação acionária significativa nesta nova indústria e a montadora alemã VW firmou intenção de se tornar sua parceira.

Os veículos puramente elétricos e os híbridos plug-in podem ser recarregados de energia elétrica através da conexão com uma tomada qualquer e podem também fornecer energia, funcionar como “no-break”, etc. À medida que o número de usuários desta nova forma de carga aumentar será necessário então avaliar os impactos decorrentes nas redes elétricas. Certamente haverá impactos de ordem técnica, comercial e regulatória relevante à medida que este uso passe a ser representativo. A EDF (Electricité de France) já vem pesquisando alguns aspectos, como por exemplo, a implantação de postos de abastecimento em estacionamentos públicos com identificação do consumidor e faturamento da energia.

O cenário atual indica que esta tecnologia veio para ficar e só dependerá da velocidade de aceitação pelos consumidores para se tornar realidade.