Apresentação

A história política do Paraná só adquiriu relevância a partir de sua emancipação da Província de São Paulo em 1853. Até então pouca importância possuía a Comarca de Curitiba e Paranaguá a não ser seu potencial econômico nativo ainda pouco explorado. Esta impressão é reportada em vários relatos, incluindo os de viajantes e exploradores estrangeiros que visitaram a região, como August Saint-Hilaire em 1820, portanto antes da emancipação e Robert Avé-Lallemant em 1858. Algum tempo depois o panorama começa a mudar, como conta Thomas P. Bigg-Wither (engenheiro inglês que trabalhou no Paraná no levantamento da rota para construção de uma estrada de ferro até o Mato Grosso entre 1872/75), sendo observados sinais de crescimento e riqueza. A dificuldade maior da nova Província vinha da inexistência de uma via de transporte digna do nome ligando o litoral ao primeiro planalto, onde se localiza Curitiba, então escolhida como a capital. Existiam apenas três caminhos trilhados por muares e tropeiros. O melhor e mais curto deles era o do Itupava, entre Curitiba e Morretes. O segundo o da Graciosa, ligando Curitiba a Antonina. O menos usado, caminho do Arraial ligava São José dos Pinhais a Morretes. Esta falta de vias adequadas impunham à Província do Paraná sérias restrições de exploração dos recursos naturais, como a extração da madeira e erva-mate, o que limitava as transações comerciais externas e gerava uma economia interna pobre com reflexo igual na situação de riqueza de seus habitantes. A percepção de pobreza era geral e muitos relatos chamam atenção quando constatam não haver então pessoas abastadas em Curitiba.

Não é de se estranhar então que dentre as primeiras providências tomadas pelo primeiro Presidente da recém criada Província, Zacarias de Góes e Vasconcelos, fosse no sentido de se providenciar levantamentos e estudos para a construção de uma estrada no mínimo carroçável ligando o litoral a Curitiba.  Este desejo só foi concluído, entretanto, vinte anos depois (1873), com a conclusão das obras da Estrada da Graciosa, sob a responsabilidade do Engenheiro Antônio Rebouças. Foi Também neste período que Rebouças preparou o primeiro estudo para a construção de uma estrada de ferro ligando Antonina a Curitiba, que acabou sendo realizado entre 1880 e 1885, ligando porem, Paranaguá a Curitiba, e este sim foi um empreendimento marcante para o Paraná, pois caracterizou a expansão econômica da Província, ou seja, esta obra pode ser considerada um marco que propiciou um salto na história econômica do Paraná, acelerando sobremaneira o seu progresso.

Se pudermos caracterizar a história Política e Econômica do Paraná adquirindo maior relevância a partir de 1853 (emancipação) e 1885 (inauguração da estrada de ferro Paranaguá-Curitiba) significa um período relativamente curto (162 e 130 anos respectivamente), quando confrontamos os avanços observados no agora Estado do Paraná. Fosse em outros períodos da história tal desenvolvimento não seria alcançado em tão exíguo período.

Coincidentemente, foi também a partir da segunda metade do século XIX que teve início uma era tecnológica sem precedentes na história mundial, e o grande vetor desta nova era foi o domínio da eletricidade e a disseminação dos sistemas e dispositivos inventados a partir do uso desta forma de energia. Estas invenções estão na raiz da aceleração do desenvolvimento experimentado no mundo inteiro no século XX em quase todas as atividades.

No Paraná, o telégrafo foi a primeira tecnologia que utilizava eletricidade a ser introduzida no cotidiano da sociedade. Em 1866 foi inaugurado o telégrafo que ligava o Rio de Janeiro, então capital do Império, a Porto Alegre. Esta linha possuía uma estação em Paranaguá. Já em 1867 a estação de Paranaguá passou a operar localmente, revolucionando a agilidade da informação.

Daí em diante vieram o telefone, a iluminação, a força, o rádio, o raio X, o radar, o cinema, a televisão, o computador, e tudo o mais que direta ou indiretamente se relaciona com a eletricidade transformando radicalmente o cotidiano das pessoas muito rapidamente, de uma forma sem precedentes na história.

Decorridos agora 149 anos (1866 a 2015) de história do “Paraná na Era da Eletricidade” vamos lembrar alguns dos fatos mais marcantes, e contar como se desencadeou o início destas tecnologias, muitas já obsoletas, pois em tão pouco tempo algumas acabaram por sucumbir diante de outros avanços e paralelamente, sempre que oportuno, resgatar alguns acontecimentos correlatos de contexto histórico.

Fontes:


O objetivo da presente publicação não é acadêmico, mas de caráter meramente informativo a quem se interessar pelo assunto, mas principalmente para os profissionais que atuam ou atuarão no setor elétrico, juntando acontecimentos normalmente esparsos. Afinal, conhecer a história, nos faz melhor entender o presente e aumentar nossa auto-estima pela profissão.

A maior parte do conteúdo histórico está baseado nos livros e outras fontes secundárias relacionadas nas “Referências”, listados nas páginas finais. Espero que a relação destas obras sirva não somente para os devidos créditos que os seus autores merecem, mas também como guia para os leitores que queiram se aprofundar em algum tema específico.

M. R. Ortega
                           
Curitiba-27/02/2015