Percebe-se que
numa primeira etapa os serviços públicos de energia elétrica e telefonia foram
explorados por empresas privadas e na sua maioria estrangeiras tendo havido,
entretanto a partir da década de 1930 direcionamento governamental por meio de
atos regulatórios que em médio prazo contribuiu para a estatização destes
setores. Após a crise de 1929 criou-se um ambiente nacionalista e
centralizador, e o Código de Águas incorporou este sentimento em certa medida.
Após a segunda guerra mundial os recursos estrangeiros mudam de direcionamento,
o que também colaborou para a estatização.
Numa segunda
etapa, houve primeiramente estatização federal seguida de descentralização a
nível também estatal porem estaduais, ou seja, os estados da federação
começaram a criar suas próprias empresas de economia mista. A terceira etapa
ainda está em curso, pois se trata da privatização destes setores, tendo sido
finalizado com sucesso nas telecomunicações e só parcialmente realizado nos
sub-setores (geração, transmissão e distribuição) de energia.
Paralelamente ao processo de privatizações, a partir
de 1996 foram criadas as agências nacionais reguladoras para os setores de
energia elétrica (Aneel) e telecomunicações (Anatel) com a responsabilidade de
detalhar as regras e fazer com que os agentes as sigam. Cabe às agências
reguladoras colocar em prática os marcos regulatórios setoriais e fazer com que
os agentes cumpram suas obrigações dentro de condições pré-estabelecidas. São
várias as atribuições das agências e sua atuação deve ser independente e
pautada pela transparência de suas ações. Alem da regulamentação, fazem parte
das atribuições das agências fiscalizar e em caso de não conformidade penalizar
as concessionárias, estabelecer as tarifas, balizar especificações, enfim
estabelecer padrões comuns a serem seguidos de forma equânime pelos agentes.
Quanto a
utilização da energia elétrica como fonte motriz de veículos foi quase que
abandonada no Brasil, mas ainda é utilizada em algumas cidades que contam com
metrô e, ou trólebus. Mais recentemente muito se tem falado em projetos de
VLT-Veículos Leves sobre Trilhos (light rail), os modernos bondes, para operar em cidades de médio porte. No
Paraná, com a desativação dos bondes de Curitiba em 1952 e da linha
eletrificada de trens em 1967 não mais se voltou a utilizar esta tecnologia,
apesar de periodicamente se falar em modernizar os transportes da capital seja
com metrô ou VLT.
Na área energética o dilema da
diversificação de fontes continua. Os recursos hídricos estão cada vez mais
acuados pelas restrições ambientais e as alternativas mais evidentes como
térmicas a energia nuclear ou carvão também são vistas com grande desconfiança
pelos mesmos, mas não podem ser descartadas dos planos energéticos. Portanto, a
composição futura da matriz energética nacional é incerta, pois as escolhas não
são triviais e acarretam dilemas que necessitam de decisões corajosas na busca
da diversificação entre alternativas que conciliem custos e impactos
favoráveis.
Tecnologias que viabilizem fontes alternativas de energia elétrica em larga escala vêm sendo muito pesquisadas no mundo inteiro e mais recentemente vivemos uma fase de expressiva expansão da geração eólica, que já consolidou sua presença.
As atenções de momento estão
voltadas para a geração solar, com muitos aproveitamentos já implantados no
exterior, porem ainda escasso no Brasil. Os custos vêm caindo, mas ainda
são elevados e os aproveitamentos propostos nesta fase inicial são de pequeno porte.
Há que considerar ainda que o fator de capacidade de geração a partir de
painéis fotovoltaicos é baixo, em que pese a expressiva evolução tecnológica
experimentada recentemente. Portanto, levará algum tempo para que usinas
solares venham a se tornar competitivas a ponto de aumentar de forma
significativa sua participação no mercado. Este tempo pode ser curto, pois no
momento parece depender mais de aumento de escala de produção que de melhorias
tecnológicas.
Na conjuntura atual e perspectiva futura de escassez
de energia, não parece razoável abrir mão de qualquer destas fontes. A solar
ainda que momentaneamente seja cara, tende a ser competitiva no futuro próximo
e para tanto é importante os investimentos em pesquisa. Quanto a nuclear há um
longo histórico indicando que os riscos envolvidos podem ser assumidos e seu
potencial não deve ser desprezado por acontecimentos fortuitos ou pressões
descabidas.