Protagonistas - Homenagens



A maior parte dos protagonistas da história da eletricidade foram renomados acadêmicos, e se dedicaram a pesquisas dentro de instituições de ensino, principalmente em universidades. Outros, entretanto se dedicaram a pesquisas aplicadas, visando o desenvolvimento de invenções com aproveitamento comercial tendo contribuído até para o surgimento de grandes empresas ainda hoje atuantes. Não é raro observar em algumas biografias a presença de formação escolar incompleta, o que caracteriza os autodidatas. Há ainda o caso de Benjamim Franklin que alem de autodidata e sem atuação em instituições de pesquisa nem interesse comercial prestou inestimável contribuição científica.


São, entretanto, personagens com origens em diferenciadas classes sociais, com qualidades e defeitos comuns, de personalidades diversas e que viveram com maiores ou menores dificuldades da mesma forma que qualquer pessoa está sujeita, ou seja, não é possível identificar qualquer padrão. Em comum muito trabalho e dedicação aliados à iniciativa e criatividade em busca de seus objetivos e suas biografias de vida pessoal revelam isto. Com o propósito de mostrar superficialmente como foi a vida destes personagens será relatado biografias pessoais de alguns deles, associada a alguma homenagem recebida.

Homenagens e Prêmios


A importância dos trabalhos destas figuras históricas foi reconhecida pela comunidade acadêmica ainda em vida e a eles foram dedicados diversos tipos de homenagens. Seus nomes foram adotados pelos sistemas de unidades como grandeza de medidas e a partir da instituição do Nobel em 1901, alguns dos laureados em física receberam o prêmio por trabalhos relativo à eletricidade. Alguns fenômenos devido a efeitos elétricos também foram batizados com seus nomes a partir de suas descobertas.

Efeitos elétricos


Efeito Edison: Emissão termiônica, efeito de emissão de elétrons do catodo (metal aquecido por circulação de corrente), para o anodo (placa metálica) - Thomas Edison (1847/1931): De família de classe média, seu pai não tinha profissão definida e sua mãe havia sido professora. Edison não suportou os rigores disciplinares dos professores da escola de sua cidade e passou a receber educação escolar de sua mãe em casa. Começou a trabalhar como jornaleiro ainda criança, com 12 anos e com 15 anos já publicava  um pequeno jornal para os passageiros do trem em que trabalhava. Por ter salvado a vida do filho do chefe da estação, recebeu treinamento de telegrafista e trabalhou nesta profissão por 4 anos. Paralelamente se dedicou a estudos e aperfeiçoamentos de aparelhos. Com 23 anos ganhou 40 mil dólares pela invenção do telégrafo impressor de cotação de ações de bolsa de valores e deu início a sua carreira de empresário inventor. Casou em 1871 e teve três filhos, porem sua esposa morreu em 1884. Casou novamente em 1886 e nesta segunda união teve mais três filhos. Morreu com 84 anos.

Para-raio Franklin: Poder de atração das pontas metálicas por efeito de ionização - Benjamim Franklin (1706/1790): Seu pai fabricava e comercializava velas e sabão e Benjamim foi um dos 20 filhos que seu pai teve em dois casamentos. A escola primária que era de cinco anos foi completada em apenas um ano e meio, porem depois de freqüentar por algum tempo uma escola particular seu pai resolveu interromper seus estudos e empregá-lo na tipografia de outro filho. Com 17 anos, Franklin fugiu da família e foi para a Filadélfia, onde passou a trabalhar como tipógrafo. Em 1725 foi para Londres e lá também trabalhou como tipógrafo até 1726. Em 1728 montou sua própria tipografia e em 1729 nasceu seu filho de uma relação com uma criada. Em 1730 passou a viver matrimonialmente com Deborah Read, porem nunca oficializou o casamento. Em 1746 já estava financeiramente estável e passou a se interessar pela eletricidade e posteriormente pela política. Entre 1758 e 1762 viajou pela Europa e neste período atuou como mediador entre a colônia e os britânicos. Retornou para a Europa em 1767 como embaixador extraordinário das colônias e só regressou em 1776, ano em que redigiu a declaração da independência americana. Em 1777 voltou a Paris, agora como embaixador e voltou para a América em 1784. Morreu com 84 anos.

Alem dos citados, muitos outros personagens receberam homenagens semelhantes (efeito joule, gaiola de faraday, bobina de tesla, ondas hertzianas, etc).


Prêmio Nobel de física


1901 - Pela descoberta dos Raios X - Wilhelm Conrad Röntgen (1845/1923): Era filho único e seu pai foi um bem sucedido comerciante de roupas. Nasceu na Alemanha, mas sua família se mudou para a Holanda, terra de sua mãe, quando ele ainda era criança. Teve problemas de natureza disciplinar nas instituições de ensino da Holanda e concluiu seus estudos em Zurique. Casou em 1872 e não teve filhos. Trabalhou em algumas universidades como assistente e foi professor de física e reitor da Universidade de Wurzburg. Sua esposa morreu em 1919 e em 1920 se transferiu para a Universidade de Munique. Morreu com 77 anos.

Nobel - Rontgen
Rontgen foi o primeiro a receber o Nobel de física e doou o premio à universidade de Wurzburg. Também não patenteou sua descoberta acerca do Raio X, apesar de ter recebido propostas para isto, por questão de princípio.

Mitos sobre o Raio X
A descoberta do Raio X teve repercussão mundial imediata e de início alguns mitos sobre suas propriedades passaram para o anedotário. Entre muitas versões, conta-se que um clérigo determinou que fosse proibido o uso da tecnologia em binóculos e em anúncios publicitários de roupas íntimas para mulheres chegou-se a veicular que estes acessórios possuíam propriedades anti Raio X.

1906 - Por seus grandes méritos e pelas pesquisas sobre condução elétrica dos gases - Joseph John Thomson (1856/1940): Seu pai era livreiro e já aos 14 anos começou a freqüentar cursos de física experimental em Manchester. Aos 20 anos começou a estudar no Trinity College. Trabalhou no laboratório Cavendish sob a supervisão de James C. Maxwell. Casou em 1890 e teve uma filha e um filho. Seu filho, George Paget Thomson posteriormente também ganhou o premio Nobel, em 1937, pela verificação experimental da difração do elétron por cristais (dividido com Clinton Joseph Davisson). Foi diretor do laboratório Cavendish e do Trinity College e presidente da Royal Society. Morreu com 83 anos.

1909 - Em reconhecimento a suas contribuições para o desenvolvimento do telégrafo sem fio (dividido com Karl Ferdinand Braun) - Guglielmo Marconi (1874/1937): A família de Marconi era rica. Seu pai, italiano e fazendeiro e sua mãe irlandesa de família de tradicionais fabricantes de whisky em Dublin. De personalidade introvertida quando criança freqüentou escolas em Florença e Livorno e contratou professores particulares de física e eletromagnetismo. Casou em 1905 e desta união teve três filhas e um filho, porem uma de suas filhas morreu ainda pequena. Em 1914 foi nomeado Senador pelo rei da Itália. Em 1919 comprou um iate, batizado de “Elettra” e o transformou em laboratório e residência particular e era usado em suas viagens pelo mundo. Em 1923 obteve a anulação de seu casamento e em 1927 casou novamente e desta segunda união teve mais uma filha. Fez parte do partido fascista italiano e era amigo de Mussolini. Morreu em Roma de enfarte com 63 anos.

Edison e Tesla
Thomas Edison e Nikola Tesla não foram premiados pelo Nobel, porem conta-se que em 1912 teria havido intenção de se dividir o premio entre eles, mas devido a suas diferenças irreconciliáveis isto acabou não se concretizando. Consta ainda que em 1937, Tesla teria sido nomeado para o prêmio.

1956 - Pelas pesquisas de semicondutores e descoberta do Transistor - John Bardeen, Walter Houser Brattain e William Bradford Shockley.


Eletrônica de estado sólido – Silício x Germânio
Na história da origem do transistor e do circuito integrado o elemento da tabela periódica comum não é o Silício, como poderia se supor hoje em função do que este elemento representa na eletrônica de estado sólido. A primeira tentativa até foi com Silício nos Laboratórios da Bell em Nova Jersey com William Shockley, porem foi um fracasso. Shockley foi sucedido nas pesquisas por John Bardeen e Walter Brattain (prêmio Nobel de 1956) que desenvolveram então o primeiro transistor em 1947, mas usando outro elemento. Depois, o primeiro circuito integrado foi concebido na Texas Instruments (TI) em 1958 por Jack Kilby (prêmio Nobel de 2000). Como o Silício é um material que apresentava maiores dificuldades de manejo, o elemento usado nas pesquisas do primeiro transistor e do primeiro protótipo de circuito integrado foi o Germânio. O circuito integrado teve desenvolvimento paralelo na Fairchild Semiconductor por Robert Noyce, depois cofundador da Intel (1968), que em 1959 apresentou seu protótipo já em Silício e a patente foi concedida a Noyce. O Silício já vinha se impondo na década de 1950 com o sucesso das pesquisas de Gordon Kidd Teal na TI, pois o Germânio apresentava problemas funcionais que limitavam muito seu uso e o Silício o superou em características tanto técnicas como econômicas, sendo um material mais abundante e conseqüentemente mais barato.

1972 - Pelo desenvolvimento conjunto da teoria da supercondutividade, também conhecida como Teoria BCS - John Bardeen, Leon Neil Cooper e John Robert Schrieffer.


Grandezas


 
Dentre as homenagens aos que se destacaram está a adoção de seus sobrenomes em unidades de medidas pelos sistemas.

Unidade (simbolo): grandeza – Personagem (nascimento/falecimento): biografia pessoal
* Sistema MKS (metro, kilogramo, segundo) – Sistema Internacional (SI);
** Sistema CGS (centímetro, grama, segundo).

ampere* (A): Corrente elétrica – André-Marie Ampère (1775/1836):  Filho de comerciante, Ampére aprendeu a ler aos 4 anos de idade e começou a acessar os livros da diversificada biblioteca de seu pai, porem não cursou escola. Interessou-se pela matemática e aos 13 anos produziu seu primeiro trabalho nesta área, porem logo percebeu que seus conhecimentos ainda não eram abrangentes. Recebeu então lições de matemática avançada para melhorar sua formação. Dois acontecimentos trágicos abalaram Ampére em sua juventude. Primeiro a morte de sua irmã em 1792. Depois, a condenação e execução de seu pai na guilhotina em 1793. Casou em 1799 e teve um filho em 1800, porem sua esposa faleceu pouco depois em 1803. Voltou a casar em 1806, porem este segundo casamento terminou em divórcio dois anos depois. Foi professor e pesquisador de diversas instituições. Morreu com 61 anos em Marselha.

bel* (B): Nível de potência – Alexander Graham Bell (1847/1922): A família de Graham Bell se dedicava ao desenvolvimento de técnicas de ensino para fala e leitura (elocução) para deficientes auditivos e ele seguiu esta mesma profissão. O nome do meio “Graham” foi adicionado pelo próprio Alexander para homenagear um parente que ele admirava.  Após a morte de dois irmãos de Graham devido à tuberculose, a família migrou da Escócia para o Canadá em 1870. Depois, introduziu o ensino para surdos-mudos nos Estados Unidos (Boston) e se notabilizou nesta área. Casou com uma ex-aluna deficiente auditiva em 1877. A família da esposa era rica e financiou os projetos de Graham Bell. Naturalizou-se Americano em 1882 e morreu na Nova Escócia (Canadá) aos 75 anos.

coulomb* (C): Carga elétrica – Charles Augustin de Coulomb (1736/1806): De família com boa situação financeira, Coulomb cursou o ensino básico em sua cidade natal e posteriormente mudou-se para Paris onde recebeu formação acadêmica. Porem nesta época seu pai perdeu seu patrimônio e se mudou para Montpellier onde Coulomb entrou para a Sociedade de Ciências em 1757. Retornou depois para Paris e se formou engenheiro militar em 1761. Serviu na Martinica (próximo à Venezuela) por nove anos como engenheiro militar, porem em 1772 voltou a Paris em virtude de saúde debilitada. Passou então a se dedicar à produção científica. A partir de 1802 passou a ocupar o cargo de Inspetor Geral de Ensino Público. Morreu em Paris com 70 anos.

farad* (F): Capacitância – Michael Faraday (1791/1867): De família muito pobre, o pai que era ferreiro decidiu se mudar para Londres quando Faraday tinha 8 anos. Devido a problemas de dicção, Faraday foi retirado da escola pública que freqüentou por pouco tempo, pois sua mãe não aceitou os castigos e humilhações que a professora lhe impunha. Logo que se instalaram em Londres, o pai de Faraday adoeceu e nunca mais conseguiu trabalhar. Toda a família se voltou então à busca do sustento desde cedo. Faraday arranjou emprego de entregas numa livraria quando tinha 11 anos. Em seguida passou a aprendiz de encadernação e começou então a ter oportunidade de ler obras científicas. Com 20 anos concluiu seu aprendizado de encadernador e foi trabalhar como profissional de encadernação em outra livraria. Foi convidado por um cliente desta livraria a assistir as palestras de sir Humphry Davy. Faraday anotou as aulas e depois transformou as notas em material didático. Encadernou o trabalho e presenteou o palestrante. Após ter se desentendido com seu patrão, foi demitido e fez apelo a Davy para conseguir trabalho. Em 1813 entrou na Royal Institution como assistente de laboratório, indicado por Davy. Entre 1814 e 1815 viajou como convidado de Davy pela Europa. Casou em 1822, porem não teve filhos. Entre 1839 e 1844 ficou proibido de trabalhar por recomendação médica. Em 1858 começou a sofrer de surtos de amnésia o que o obrigou a se aposentar. A rainha Vitória cedeu-lhe um apartamento e estipulou uma pensão vitalícia. Morreu em 1867 aos 75 anos.

Faraday x Davy
Humphy Davy teve papel fundamental no destino de Faraday, porem terminaram brigando. O desentendimento ocorreu devido a Faraday apontar necessidade de melhoria no projeto de Davy da lâmpada de segurança para minas (é uma lâmpada com chama protegida para não provocar explosão em ambientes onde há gases combustíveis, conhecida como Lâmpada de Davy) como requisito para homologação para uso. Davy se sentiu ofendido e cortou relações definitivamente. Consta, entretanto que Davy, cientista e inventor de renome na época, costumava dizer que sua maior descoberta teria sido Faraday.

gauss** (Gs): Indução Magnética – Johann Carl Friedrich Gauss (1777/1855): Sua família era camponesa e se dependesse da vontade de seu pai teria continuado na mesma atividade. Sua mãe, entretanto pensava diferente, pois Gauss desde menino manifestou uma prodigiosa facilidade no aprendizado, principalmente na matemática. Começou estudando em escola pública em sua cidade, porem por sua inteligência incomum recebeu proteção da nobreza e passou a estudar em instituições de ensino melhores, tendo cursado ciências na Universidade de Göttingen até 1797. Casou em 1805 e teve três filhos, porem sua esposa faleceu em 1809. Posteriormente casou pela segunda vez e tiveram neste casamento mais três filhos. Foi diretor do Observatório Astronômico de Göttingen. Apesar de ser considerado um dos maiores gênios que se tem notícia, Gauss não era bom professor e não gostava do magistério, pois sua personalidade era incompatível com a didática exigida. Morreu em Göttingen aos 77 anos.

henry* (H): Indutância – Joseph Henry (1797/1878): De família humilde, seu pai morreu quando ainda era criança e depois disto passou a morar com a avó. Henry inicialmente trabalhou no que aparecia. Foi pedreiro, metalúrgico, agrimensor, etc. Em 1826 foi contratado por uma escola de Albany, sua cidade natal, como professor primário. Começou então a se interessar por eletricidade e junto com seus alunos passou a construir eletroímãs cada vez maiores.  Chegou a construir um capaz de levantar mais de 600 quilos. Continuou no meio acadêmico, passando por diversas instituições de ensino e pesquisa de renome e foi o primeiro diretor (1846) do Smithsonian Institution, onde permaneceu o resto de sua vida. Henry e Faraday chegaram às mesmas conclusões referentes à indução eletromagnética em trabalhos independentes. Também ajudou Samuel Morse e Graham Bell em seus sistemas, porem não patenteou suas invenções. Morreu com 80 anos.

hertz* (HZ): Frequência – Heinrich Rudolf Hertz (1857/1894): Seu pai era advogado e Hertz começou seus estudos em Hamburgo, sua cidade natal. Gostava de construir instrumentos e mecanismos desde cedo e esta habilidade foi importante no desenvolvimento de sua obra científica. Começou estudando engenharia, mas acabou por se interessar pela física e foi aluno na Universidade de Berlim. Trabalhou como cientista e professor e interessou-se particularmente pelas teorias de Maxwell e maneiras de provar estas teorias. Casou em 1886 e teve duas filhas. Em 1893 foi submetido a uma cirurgia devido a um tumor na orelha. No início de 1894 seu estado de saúde piorou e ele morreu com apenas 36 anos.

joule* (J): Energia – James Prescott Joule (1818/1889): Sua família era proprietária de uma grande cervejaria em Manchester  e Joule alem de seus trabalhos científicos ajudava o pai na fábrica. Foi ao lado desta fábrica que seu pai construiu um laboratório para Joule.  Casou em 1847 e teve um filho e uma filha. Sua filha morreu em 1854 (recém nascida) e pouco depois sua esposa.    Desenvolveu trabalhos com William Thomson. Morreu com 70 anos.     

kelvin* (K): Temperatura Termodinâmica - William Thomson - Lorde Kelvin (1824/1907): Seu pai era professor de matemática na Universidade de Glasgow e Thomson freqüentou esta escola desde cedo. Com 17 anos foi estudar em Cambridge, tendo concluído os estudos em 1845. No ano seguinte assumiu uma cadeira na Universidade de Glasgow. Casou em 1852, porem sua esposa faleceu em 1870. Seu segundo casamento foi em 1874. Dedicou-se bastante a física aplicada, notadamente com cabos submarinos, o que exigia muitas viagens, porem desenvolveu também muitos trabalhos acadêmicos. Foi presidente da Royal Society e elevado a nobreza pela Rainha Vitória. Morreu com 83 anos.

maxwell** (Mx): Fluxo Magnético – James Clerk Maxwell (1831/1879): Seus pais eram proprietários de grandes fazendas na Escócia, onde Maxwell cresceu. Sua mãe morreu quando ele tinha oito anos. Estudou física na Universidade de Edimburgo e matemática na Universidade de Cambridge. Casou em 1856, porem não teve filhos. Trabalhou em pesquisas e como professor em instituições de educação, sendo lembrado como excelente mestre, porem com a morte do pai em 1865 passou a administrar as propriedades da família. Morreu prematuramente com 48 anos.

oersted** (Oe): Campo Magnético – Hans Christian Orsted (1777/1851): Filho de farmacêutico, Hans e o irmão receberam educação em casa por professores particulares. Em 1793 ingressou na Universidade de Copenhagem. Sua intenção era a área cientifica, porem em função de ter que cuidar da farmácia de seu pai estudou e se tornou farmacêutico em 1797. A partir de 1801 viajou por três anos entre Alemanha e França, ocasião que conheceu grandes físicos, químicos e matemáticos. Em 1806 se tornou professor da Universidade de Copenhagem. A partir de 1815 até o final de sua vida trabalhou na Academia Real Dinamarquesa de Ciência. Morreu aos 74 anos.

ohm* (W): Resistência elétrica – Georg Simon Ohm (1789/1854): Seu pai era serralheiro, porem tinha uma formação incomum, de nível elevado. Foi o pai que deu início na notável educação dos filhos e isto os colocou em nível superior aos demais alunos de ensino tradicional. Ohm entrou para a Universidade de Erlangen em 1805, porem teve que abandoná-la pouco depois por determinação de seu pai, que considerava que o filho não estava se dedicando. Ohm foi então ser professor na Suíça. Prosseguiu estudando matemática por conta e em 1809 passou a ser professor particular. Voltou para a Universidade de Erlangen em 1811 para doutorar-se e seguiu com sua carreira de professor em instituições alemãs. A partir de 1849 passou a ser professor na Universidade de Munique e ali permanece até o final. Morreu com 65 anos.

siemens* (S): Condutância – Ernst Werner von Siemens (1816/1892): Seu pai era agricultor e Siemens foi o quarto filho de quatorze irmãos. Deixou a escola sem completar seus estudos e mais tarde entrou para o exército para estudar engenharia. Casou em 1852 e teve dois filhos, porem sua esposa morreu em 1867. Casou novamente em 1869 e deste segundo casamento teve mais dois filhos. Fundou a “Telegraphen-Bauanstalt Siemens & Halske” em 1847, empresa conhecida mundialmente, agora como “Siemens AG”. Aposentou-se em 1890 e morreu com 76 anos.

tesla* (T): Indução magnética – Nikola Tesla (1856/1943): Seu pai era padre ortodoxo, escritor e poeta e sua mãe inventora de utensílios domésticos. Desde cedo Tesla se destacou pela inteligência, porem em sua infância viveu drama emocional, com a morte do irmão do qual se culpava e de saúde. Teve cólera e sofria com visões. Cursou a Escola Politécnica de Graz e a Universidade de Praga e sua formação abrangeu física, matemática e engenharia elétrica. Emigrou para os Estados Unidos em 1884 e se naturalizou americano. Trabalhou em incontáveis projetos e patenteou centenas de invenções, porem nunca conseguiu tirar proveito econômico relevante de seu trabalho. Tesla foi muito excêntrico e sempre viveu sozinho. Em seus últimos anos de vida passou por dificuldades financeiras e morava no Hotel New Yorker em Nova York e lá morreu com 86 anos.

volt* (V): Tensão – Alessandro Giuseppe Antonio Anastasio Volta (1745/1827): A família de Volta era rica e sua mãe o entregou aos cuidados de uma ama-de-leite durante quatro anos. Só aprendeu a andar e falar depois desta idade e a família acreditava que ele tivesse problemas em função deste retardo. Na escola não se destacou, e aos poucos o pai de Volta foi perdendo seu patrimônio e quando morreu (1760) deixou a família em situação precária financeiramente. Volta foi então entregue aos cuidados de um tio que era cônego e se encarregou pela educação dele. Em 1774 foi nomeado regente das escolas de Como, sua cidade natal e em 1779 se tornou professor na Universidade de Pávia. Casou em 1794 e teve três filhos. Napoleão foi um grande admirador de Volta e lhe prestou grandes homenagens. Morreu com 82 anos.

weber* (Wb): Fluxo Magnético – Wilhelm Eduard Weber (1804/1891): Era filho de um professor universitário de teologia. Em 1814 mudou-se para Halle, onde seu pai passaria a lecionar na Universidade local e foi onde Weber deu início a sua carreira científica. Foi professor na Universidade de Halle e depois na Universidade de Gottingen, onde trabalhou com Gauss. Devido a manifesto político defendido por Weber e outros sete professores de Gottingen, foram expulsos desta Universidade em 1837 por ato do rei. Em 1843 tornou-se professor da Universidade de Leipzig e em 1849 retornou a Gottingen, onde morreu aos 86 anos.

Watt
A unidade de potência utilizada em eletricidade é o ”watt” (W), em homenagem ao engenheiro escocês James Watt (1736/1819), por sua contribuição no desenvolvimento da máquina a vapor.

“Seu” Kilowatt, o criado elétrico
A Cia Força e Luz do Paraná, antiga concessionária de Curitiba fazia campanhas publicitárias de educação e esclarecimentos de diversos temas, utilizando um mascote (boneco) batizado de Senhor Kilowatt (Kilinho para os íntimos).  Veja o conteúdo de uma destas propagandas (1945) explicando o significado do consumo:
“-Que é, afinal, um Kilowatt-hora? A eletricidade – isto é, meus serviços, - é medida em unidades de pressão (volt) e em unidades da corrente que se consome (ampéres). Multiplique-as e o amigo terá uma unidade de força, que é o “watt”. O “watt” é uma unidade relativamente pequena e, por isto, é habito usar-se 1.000 “watts” ou um “kilowatt” como unidade de medida, que representa energia equivalente à força de 1 e 1/3 cavalos. Quando o amigo se utiliza de 1.000 “watts” durante uma hora, terá consumido um Kilowatt-hora – explica “Seu” Kilowatt, o criado elétrico”. 

Reddy Kilowatt
O mascote "Reddy Kilowatt" foi criado em 1926 em Birmingham (USA) por Ashton Collins da Alabama Power Co. Foi posteriormente licenciado para muitas empresas do setor de energia elétrica de vários países. Seu corpo é composto de traços de raios, o nariz é uma lâmpada e as orelhas tomadas. É provável que ainda seja usado em algum país. No Brasil foi adotado pelas empresas do grupo da Amforp. Foi usado nas campanhas comerciais envolvendo principalmente assuntos de segurança e técnicos. Era conhecido pelo nome de Criado Elétrico e apelidado de Kilinho e Miudinho. Hoje seus antigos souvenires são colecionáveis e comercializados em sites da internet.