O início do cinema foi disputado com mecanismos de
gravação e reprodução de filmes desenvolvidos por Thomas Edison nos EUA e os
irmãos Lumière na França. Em 1891, Thomas Edison inventou um projetor chamado
Cinetoscópio, que era uma caixa com uma entrada visual onde internamente eram
reproduzidas imagens em movimento, filmadas previamente por outro equipamento
chamado de Cinetógrafo. Em 1895 Auguste e Louis Lumière patentearam uma máquina
mais aperfeiçoada chamada Cinematógrafo (que teria sido inventada em 1892 por
Lèon Bouly), que era capaz de filmar, revelar e projetar filmes em anteparos
externos. Em 1896, Thomas Edison criou outros projetores, chamados Teatrógrafo
e Vitascópio.
A introdução desta novidade no Brasil foi através de
companhias de entretenimento que se deslocavam pelos grandes centros urbanos
munidas de equipamentos de projeção de imagens animadas de vários tipos, ainda
no final do século XIX. Há notícias de companhias deste tipo que realizaram
apresentações no Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e várias
outras cidades a partir de 1896. Em Curitiba o local das exibições eram
geralmente nos teatros Hauer (esquina da Mateus Leme com 13 de Maio) e no
antigo Guaíra (situado na rua Dr. Murici, onde hoje se localiza a Biblioteca
Pública), a partir de 1897 (25 de Agosto e 9 de Outubro).
Posteriormente, na primeira metade da década de 1900,
começaram a surgirem locais onde eram exibidos filmes regularmente.
Notadamente, o parque de entretenimento Coliseu Curitibano, de Francisco
Serrador, instalado no centro da cidade em 1905 foi o pioneiro neste gênero.
Coliseu Curitibano e o cinema de
Francisco Serrador
O cinema nasceu ao final do século XIX com o cinematógrafo
(projetor de imagens) dos irmãos Lumiere ou com o cinetoscópio de Thomas
Edison? É mais uma dúvida de paternidade de invenção que talvez seja eterna,
mas o que importa nesta história é a dimensão que o cinema tomou daí em diante.
Na Curitiba de 1905 se instalou no centro da cidade (entre a Avenida Luiz
Xavier e a Rua Emiliano Perneta, junto a Rua Voluntários da Pátria) um parque
de diversões chamado “Coliseu Curitibano”, com utilização de energia elétrica.
Lá havia rinque de patinação, carrossel mecânico, tiro ao alvo, bares, enfim
atividades de lazer. Um imigrante espanhol de nome Francisco Serrador Carbonell
(1872/1941) que havia se estabelecido em Curitiba e vivia de comercio varejista
era dono do Coliseu e resolveu lá instalar também um cinematógrafo onde passou
a exibir filmes. Com o sucesso, Serrador viajou com seu cinema ambulante por
várias cidades e o negócio se tornou grande em São Paulo, onde Serrador
inaugurou a primeira sala fixa de cinema da cidade, o Bijou-Theatre em
1907. Daí em diante sua empresa não parou mais de crescer e Serrador se tornou
o empresário de maior sucesso neste ramo com salas nos estados do Paraná, São
Paulo, Rio de Janeiro, e Minas Gerais. Consta que a “Cinelândia” do Rio de
Janeiro foi inspirada em viajem de Serrador para Nova York, onde conheceu a
“Time Square” e que teria trazido para o Brasil o “Cachorro Quente” que era
vendido em seus cinemas.
Em 1907 o livreiro Annibal Rocha Requião começou a
produzir filmes (geralmente documentários locais), se tornou um pioneiro nesta
atividade e em 1908 inaugurou o Cine Smart (no início da Rua XV), sala de
cinema comercial, com sessões diárias.
A partir de
então a atividade não parou de crescer, junto com o desenvolvimento da cidade
que foi significativo, pois na década de 1900 a população de Curitiba era de
apenas 40 mil pessoas. Dezenas de cinemas foram gradativamente sendo abertos no
centro e também nos bairros, tendo este modelo se tornado decadente a partir da
década de 1970. A partir da década de 1980 as salas passaram a ocupar espaço
nos ambientes fechados dos shoppings.